Uma das maiores gratificações que a Formula Vee tem me proporcionado é a possibilidade de tornar antigos sonhos em realidade. Meus e dos amigos. Cláudio Ceregatti, Il comendattore Cerega é um deles. Amigo relativamente recente - nos conhecemos por volta de 2006 naqueles famosos farnéis de Interlagos - mas nos identificamos de tal maneira que parece que nos conhecemos há séculos.
Ceregatti foi um dos pioneiros no nosso projeto inicial do Formula Vee, mas assuntos outros o levaram para diferentes caminhos. Apesar disso, sempre esteve próximo a nós, dando apoio, conselhos, dicas, viabilizando projetos e pessoas, sua grande habilidade pessoal. Foi com imensa alegria que soube de seu "teste secreto" na Formnula Vee. Quando me ligou, não pensei duas vezes, me mandei de armas e bagagens para Piracicaba. Não perderia este momento por nada. Claro que pedi ao verborrágico Comendattore um relato de sua experiência. E aí vai abaixo, longo, apoteótico, apocalíptico, pura emoção. Senão, não seria o meu bom amigo Cláudio Ceregatti:
"Então, mais de trinta anos depois, “reestrei”. Andar sozinho em Interlagos, em minhas madrugadas ilegais com carros de rua tornou-se hábito. Levei um monte de amigos, desencaminhei outros tantos, me diverti e sofri demais do lado de fora, doidinho pra medir forças novamente dentro da pista, comigo mesmo e com outros.Mas, antes de gastar um dinheiro gordo para andar sozinho, em categorias onde o saldo bancário fala mais alto do que qualquer tocada, as famosas “corridas do cheque”, tinha que sentir a minha própria temperatura.
Então agendei um treino em Piracicaba, com os amigos da TJ. Não contei pra ninguém, segurando a ansiedade da volta. Omiti essa pequena travessura até dos mais próximos, afinal... Do jeito que gosto desse negócio de carro de corrida e de corrida de carro, do jeito que circulo pelos boxes há anos, “achando um monte” do que fazem do lado de dentro, do tanto de gente que conheço, se fizesse uma asneira não ia prestar...Uma das maiores gratificações que a Formula Vee tem me proporcionado é a possibilidade de tornar antigos sonhos em realidade. Meus e dos amigos. Cláudio Ceregatti, Il comendattore Cerega é um deles. Amigo relativamente recente - nos conhecemos por volta de 2006 naqueles famosos farnéis de Interlagos - mas nos identificamos de tal maneira que parece que nos conhecemos há séculos.
Ceregatti foi um dos pioneiros no nosso projeto inicial do Formula Vee, mas assuntos outros o levaram para diferentes caminhos. Apesar disso, sempre esteve próximo a nós, dando apoio, conselhos, dicas, viabilizando projetos e pessoas, sua grande habilidade pessoal. Foi com imensa alegria que soube de seu "teste secreto" na Formnula Vee. Quando me ligou, não pensei duas vezes, me mandei de armas e bagagens para Piracicaba. Não perderia este momento por nada. Claro que pedi ao verborrágico Comendattore um relato de sua experiência. E aí vai abaixo, longo, apoteótico, apocalíptico, pura emoção. Senão, não seria o meu bom amigo Cláudio Ceregatti:
"Então, mais de trinta anos depois, “reestrei”. Andar sozinho em Interlagos, em minhas madrugadas ilegais com carros de rua tornou-se hábito. Levei um monte de amigos, desencaminhei outros tantos, me diverti e sofri demais do lado de fora, doidinho pra medir forças novamente dentro da pista, comigo mesmo e com outros.Mas, antes de gastar um dinheiro gordo para andar sozinho, em categorias onde o saldo bancário fala mais alto do que qualquer tocada, as famosas “corridas do cheque”, tinha que sentir a minha própria temperatura.Então agendei um treino em Piracicaba, com os amigos da TJ. Não contei pra ninguém, segurando a ansiedade da volta. Omiti essa pequena travessura até dos mais próximos, afinal... Do jeito que gosto desse negócio de carro de corrida e de corrida de carro, do jeito que circulo pelos boxes há anos, “achando um monte” do que fazem do lado de dentro, do tanto de gente que conheço, se fizesse uma asneira não ia prestar...Meu primeiro medo evaporou. Senti-me, mesmo apertado, muito a vontade no Formula Vee. Você põe a frente onde quer, o volante é muito rápido e mais pesado que imaginava. Diria que o carro tem frente demais e traseira de menos. Os freios são uma indecência, param muito. E quando comecei a afundar as freadas lá pelo fim do dia, vi que o que transfere para a frente é uma enormidade, a traseira fica indócil, dá sinal de vida, balança gostosa e perigosamente.
Tração traseira então foi um outro estranhamento. Estou viciado em reações de carro dianteiro. Essa de acelerar e corrigir no volante é uma delícia que só o Opala de estreantes e novatos de 1980 me proporcionou, na velha Interlagos. O motor empurra gostoso, não é uma estupidez, uma monstruosidade indócil. Vai até 5.200 RPM forte e gostoso, mas sem assustar ou surpreender. O que dá uma brochada é o buraco tradicional do cambio VW entre a terceira e quarta, as únicas marchas usadas tanto em Piracicaba como em Interlagos.
Dei aí umas 10 ou 15 voltas, e percebi que a frente quicava nas freadas. Meio perdido ainda, mas muito mais à vontade, parei e passei minhas impressões. Pedi ao Thomas que sentisse, que confirmasse essa minha impressão. Ele saiu, deu umas duas voltas, encostou no Box e fez uma série de acertos: Pressão de pneus, giclagem e outras cositas más. Nesse intervalo, já meio assanhadinho, perguntei “o que era um bom tempo naquelas condições”. Pergunta besta, devia ter ficado quieto. “Dezoito. Um minuto e dezoito nessas condições é um bom tempo”. Quanto virei? “Um minuto e vinte e quatro” foi a resposta. Tava longe ainda. Longe do carro, longe da pista e longe de mim.Aí chegou o Joaquim. Veio prestigiar com sua amizade esse velho sonho... Obrigado, Mestre Joca! Novo set de voltas, antes do almoço e com o carro melhor acertado: 1:35.44 / 1:21.49 / 1:24.35 / 1:21.69 / 1:21.34 / 1:20.43 / 1:20.46 / 1:21.51 / 1:22.37 / 1:21.40 / 1:20.32 / 1:20.65 / 1:21.07 /
De volta ao autódromo, mexem na giclagem e o carro piora, falha demais de terceira para quarta, demora para o motor responder. Paro novamente e reacertam a carburação. Aí chega na pista o Juca Gandelin. Recordista absoluto de Piracicaba com o Formula Vee. Instrutor de pilotagem, num dia de treinos assim sentou num carro e virou um temporal: 1min16seg. Nem por decreto! Além de ser bem “compacto” e pesar bem uns 40 quilos menos que a anta aqui, tem um zilhão de voltas nesse circuito e conhece todos os caminhos.
Estava observando meu teste, viu meu traçado e me deu um monte de dicas. “Faz isso, faz aquilo, encurta o traçado, muda as tangencias assim e assado que o tempo vem”.Com o maior respeito e duvidando esse traçado estranho, agradeci e disse a ele que o que estava me dizendo não poderia estar certo. Contrariava tudo o que se faz de normal. Respondeu que “Piracicaba é assim, experimenta...” Obediente, combinei dar mais uma série de voltas, seguindo exatamente as suas recomendações, obedecendo, mesmo achando estranho, as suas instruções. Terceira série de voltas: 1:40.22 / 1:32.89 / 1:24.60 / 1:21.78 / 1:20.09 / 1:19.75 /1:18.88 / 1:18.62 / 1:18.45 / 1:18.36 / 1:18.87 / 1:18.45 / 1:19.21 / 1:18.53 .
Durante essas voltas, vi que o pessoal estava bem feliz pegando os tempos, me incentivavam a acelerar cada vez mais até que rodei na entrada do Esse de baixa, depois da curva de alta que joga o carro para o lado de fora. Durante essa série, os pneus aqueceram tanto que a frente começou a escapar na curva de alta que antecede a reta oposta, e a traseira ficou arisca demais no curvão que antecede a reta de chegada. Estava andando mais forte, certamente, mas achava que não tinha melhorado grande coisa, não.
Pensei que tinha sido um fiasco, pois esse novo traçado não parecia ser assim mais rápido, era até meio estranho seguir as dicas do Juca. Parecia que o carro ficava preso, não rolava nas saídas de curva. Obedecia mas duvidava, seguia o mestre mas estranhava. Pois não deu outra: de 1:20.32 baixou para 1:18.36. Não acreditei no resultado, melhorou quase 2 segundos inteiros! Ainda dava para sair para uma série de voltas, mas tinha rodado e o carro já escorregava. Não quis abusar ou ir além do que achava adequado, principalmente num primeiro dia, no primeiro contato com o carro, com a pista e comigo mesmo.Que belo dia de treino! Minhas dúvidas se dissiparam. Acho que ainda dou um caldo. É de galinha velha, mas nada que um boa fervura não resolva. Primeiro chorei, mas depois sorri muito no capacete. Bem mais do que esperava. Quando todos se foram, ainda permaneci. Fui até o alto da arquibancada, vendo o sol se por às minhas costas. Coloquei um CD do Frank Sinatra para ouvir na volta. Parei no Graal para um café espresso e um charuto, que fumei feliz. Liguei às 18:02 Hs ao Paulo Trevisan, para dividir a alegria que sentia.
Adorei a experiência. Mesmo o carro sendo ainda um conhecido recente, de que sei pouco, quase nada. Mesmo a pista sendo muito mais manhosa do que parece de fora. Mesmo eu próprio ainda me procurando. Acho que me vi de relance, numa curva ou outra. Mesmo as três variáveis ainda estarem distantes de um ajuste, gostei demais de tudo. Da pista, do carro e de mim. Agora, vou me dar outro presente: Quinta-Feira treino em Interlagos. Dessa vez, filmo tudinho.Vamos ver como me saio naquele lugar mágico que freqüento há mais de 40 anos, ou melhor, do que sobrou dele.Vamos ver o que sobrou de mim.
(fotos arquivo pessoal)
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